1. O conflito na Ucrânia e a falta de pellets no Brasil
Nos últimos anos, o conflito na Ucrânia tem tido repercussões significativas em várias partes do mundo, especialmente no setor de energia e produtos derivados da madeira.
Um dos produtos afetados por essa situação é o pellet de madeira, um biocombustível sólido amplamente utilizado em diversas indústrias e residências.
No ano do início dos conflitos na Ucrânia, em 2022, o mercado global de pellets enfrentou desafios consideráveis.
Como a Ucrânia e a Rússia eram um dos principais produtores e exportadores mundiais, o cenário de instabilidade política e militar afetou diretamente a oferta deste produto pelo globo.
2. Impacto no Brasil: aumento de preços e diminuição da oferta
Com a fraca produção russa e ucraniana, os dois maiores consumidores globais (Europa e Estados Unidos) precisavam arranjar urgentemente outros países fornecedores.
Como o Brasil é conhecido por sua robusta produção de pellets de madeira, seus produtores optaram por direcionar uma parcela significativa da fabricação para atender à demanda internacional, visto que as vendas em dólar e em euro eram mais vantajosas que as nacionais, em real.
Essa estratégia de priorizar o fornecimento para o exterior levou a uma escassez de pellets no mercado interno brasileiro. Com a oferta reduzida, os preços aumentaram consideravelmente.
Ou seja, a combinação da demanda aquecida por biocombustíveis sólidos no cenário global (principalmente pela Europa em 2022 após a falta de fornecimento gás natural oriundo da Rússia) e da limitada disponibilidade nacional foram o que contribuiu para o aumento de preços.
3. Novos produtores de pellets e o grande aumento de oferta
A partir de 2023, observou-se uma redução significativa nos preços com um grande aumento no fornecimento dos pellets no Brasil.
Uma das principais razões foi o surgimento de vários novos produtores locais de pellets, que começaram a atender de forma mais robusta à demanda do mercado interno.
Com uma maior competição entre os produtores locais, houve um controle mais eficiente dos preços, impedindo aumentos bruscos, como os observados no ano anterior.
Além disso, a consolidação desses novos players no mercado nacional trouxe benefícios adicionais, como a melhoria da qualidade dos pellets produzidos e o desenvolvimento de tecnologias mais eficientes de fabricação. Isso não apenas fortaleceu a oferta interna, mas também colaborou para uma grande redução no preço da tonelada de Pellet.
Assim como o Brasil, em 2023 houve o surgimento de diversos produtores de pellets de madeira também na Europa e nos Estados Unidos, com o objetivo de atender o próprio mercado e reduzir as importações.
Por consequência do aumento de concorrência e a oferta mais próxima nos principais mercados consumidores internacionais, os produtores brasileiros tradicionais, que aproveitavam o período de grandes exportações, passaram a enfrentar desafios para manter suas participações no exterior, voltando parte do foco novamente para o mercado nacional.
Hoje, podemos afirmar que a escassez de pellets e os altos preços no Brasil (que duraram alguns meses) já é passado, já que foram reflexo direto das mudanças ocorridas no mercado devido a um evento extremamente atípico: Um conflito entre dois grandes países produtores de pellets no mundo.
Assim, a estabilização dos preços em 2023 foi resultado do fortalecimento e diversificação da indústria de biomassa nacional e internacional, rompendo as antigas dependências de fornecimento.
Portanto, caso você ouvir dizer que o pellet é difícil de encontrar, saiba que é uma informação desatualizada que não reflete, de forma alguma, a realidade em 2024.